Visual chamativo, motor atual e suspensão que privilegia a estabilidade são características marcantes. Embora o conjunto agrade, modelo peca na lista de equipamentos, que poderia ser mais generosa
Por enquanto, o Sonic é produzido apenas na Coreia do Sul, de onde é exportado para vários mercados, inclusive para a toda a Europa e a América do Norte. Como o país não tem acordo comercial com o Brasil, a marca da gravata paga 35,5% de IPI para comercializar o modelo. Em breve, tanto o hatch quanto o sedã ganharão cidadania mexicana, o que deverá aumentar a competitividade, inclusive em termos de oferta, pois a importação da Ásia é mais complicada e limitada. Mesmo assim, já existem filas de espera nas concessionárias. Após nosso contato, duas coisas ficaram bem claras: a primeira é que, em termos de projeto, o Sonic é muito bem resolvido, com motor que oferece rendimento condizente e suspensão que revela até uma certa pegada esportiva para quem está ao volante. A segunda é que a Chevrolet deveria oferecer mais equipamentos, conforme explicaremos adiante.
Embora a aparência externa do Sonic seja bastante singular dentro da linha Chevrolet, ao volante a sensação de proximidade com o Cruze e consequente distanciamento dos irmãos nacionais é ainda mais evidente. A começar pelo desempenho do motor, um Ecotec 1.6 16V com duplo comando de válvulas variável (Dual CVVT) e coletor de issão variável. Apesar do uso da correia dentada ao invés de corrente e do emprego de ferro fundido na confecção do bloco, trata-se de um trem de força atual e eficiente, capaz de render 120/116 cv de potência a 6.000 rpm e 16,3/15,8 kgfm de torque a 4.000 rpm. Segundo o fabricante, 90% da força máxima já está disponível a partir das 2.200 rpm e a sensação é de que as respostas realmente são boas qualquer faixa de rotação. O sedã não chega a ser um foguete, mas a performance agrada. Em regimes altos, porém, nota-se alguma aspereza no funcionamento. No geral, fica bem evidente a superioridade técnica dos propulsores Ecotec em relação aos chamados Econoflex, bem menos evoluídos tecnologicamente.
Quanto ao câmbio automático, notamos o mesmo inconveniente que já havia sido relatado na avaliação do Cruze sedã (veja aqui): o software não “compreende” bem as intenções do motorista e faz reduções desnecessárias quando se trafega com suavidade, ou então mostra indecisão quando se exige mais do acelerador. Essa questão também foi descrita pelo Marlos (veja aqui) e provavelmente seria solucionada se houvesse a chamada função Sport, com dois modos distintos de funcionamento. É que a caixa dispõe de apenas um programa, o que acaba deixando as respostas nervosas demais em situações de tranquilidade ou lentas quando são desejadas reações rápidas. Também fazem faltas as borboletas no volante. É possível comandar o sistema manualmente, mas apenas por meio de um botão na alavanca. Pelo menos as trocas são suaves e há seis velocidades, que se mostraram bem escalonadas, aproveitando potência e o torque do motor com eficiência.
MINI CRUZE No interior, o Sonic volta a lembrar o Cruze, com muitas linhas curvas e o conceito de duplo cockpit introduzido recentemente pela Chevrolet. Os revestimentos também são semelhantes aos do irmão maior, compostos por plásticos de diferentes cores e texturas, agradáveis ao toque e montados de forma precisa. Não há materiais emborrachados no e nas forrações das portas, característica que não chega a comprometer dentro do segmento, mas coloca o sedã em desvantagem na comparação com o rival New Fiesta, dotado de algumas superfícies macias. O isolamento acústico é bom no que diz respeito à rodagem, mas deixa a desejar quando o motor atinge altas rotações.
No centro do banco traseiro, uma falha grave: não há cinto de três pontos e encosto de cabeça para o quinto ocupante. Por outro lado, o Sonic vem de série com o sistema isofix para fixação de cadeirinhas. Há também airbag duplo e freios ABS. A iluminação fica por conta de faróis de dupla parábola, mais eficientes que os do irmão Cruze, auxiliados por luzes de neblina na frente e atrás, além de repetidores de seta posicionados nos para-lamas. Faltou a regulagem de altura dos fachos, muito útil quando o veículo está carregado. Os limpadores de para-brisa varrem boa área e são silenciosos. Em termos de segurança, o sedã é apenas razoável, trazendo os principais equipamentos, mas deixando para trás pormenores importantes. Além do mais, deveriam se disponibilizados, ao menos como opcionais, o conjunto de airbags laterais e do tipo cortina, além do controle eletrônico de estabilidade. Novamente vem à cabeça o rival New Fiesta, que oferece os itens em um pacote à parte.
O consumo do Sonic não foi alto. Embora o modelo não possa ser classificado como econômico, as marcas não diferiram muito daquelas obtidas por outros veículos de cilindrada semelhante testados pelo Autos Segredos. Na estrada, a média foi de 11,5 km/l de gasolina e 9,5 km/l de etanol. Na cidade, o modelo registrou 8,0 e 6,5 km/l com os mesmos combustíveis. A capacidade do tanque é que desagrada, com apenas 46 litros, limitando a autonomia.
FIM DE PAPO Quando o Sonic foi lançado, um executivo da Chevrolet disse que o público alvo dele são as famílias jovens. O sedã realmente parece ter sido feito sob medida para esse tipo de consumidor, com design chamativo, boa dirigibilidade e desempenho na medida. O espaço no habitáculo é apenas razoável, mas suficiente dentro da proposta em questão. O problema é que, pelo preço de $ 56.100, o modelo deveria ser mais completo, tanto no que diz respeito ao conforto quanto à segurança. Embora o fabricante planeje promover alterações no conteúdo da linha 2013, conforme antecipamos (veja aqui), o consumidor merecia receber mais recheio. Fica a expectativa para que uma ampliação mais generosa na lista de equipamentos seja promovida quando a produção migrar para o México, a partir do ano que vem. Seria um up-grade bem vindo, que se somaria ao projeto bem resolvido e à mecânica atual do veículo.
Avaliação | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas)
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7 | 7 |
Consumo(cidade e estrada)
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7 | 6 |
Estabilidade
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8 | 8 |
Freios
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7 | 8 |
Posição de dirigir / Ergonomia
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8 | 7 |
Espaço interno
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7 | 8 |
Porta-malas(espaço, ibilidade e versatilidade)
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9 | 10 |
Acabamento
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8 | 9 |
Itens de segurança(de série e opcionais)
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7 | 7 |
Itens de conveniência(de série e opcionais)
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7 | 8 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)
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8 | 7 |
Relação custo/benefício
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6 | 7 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com comando de issão variável e duplo comando de válvulas continuamente variável, gasolina/etanol, 1.598 cm³ de cilindrada, 116cv (g)/112cv (e) de potência máxima a 6.000 rpm, 15,8 kgfm (g)/ 16,3 mkgf (e) de torque máximo a 4.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático sequencial de seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos na dianteira, tambores na traseira, com ABS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, Mherson; traseira, semi-independente, eixo de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio 6 x 16, pneus 205/55 R16
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,399; largura, 1,735; altura, 1,517; distância entre-eixos, 2,525
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 46 litros; porta malas: 477 litros; carga útil (ageiros e bagagem): 420 quilos; peso: 1.207 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos
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