Toyota RAV4 tem características típicas de carros feitos para agradar o consumidor norte-americano, mas fica devendo muitos equipamentos de série
Alexandre Soares Especial para o Autos Segredos
A rivalidade é o combustível de vários projetos automobilísticos. O Focus nasceu para brigar com o Golf, o BMW Série 3 trava uma batalha de décadas com o Mercedes Classe C, o Chevrolet Camaro chegou às ruas pouco depois do lançamento do Ford Mustang… Nesse contexto pouco amistoso, é possível incluir também o Honda CR-V e o Toyota RAV-4: note que até os nomes são parecidos. Tanto o primeiro quanto o segundo foram desenvolvidos de olho no mercado norte-americano, onde alcançam ótimos números de vendas há vários anos. No Brasil, contudo, o cenário é bem diferente e o CR-V detinha ampla vantagem, pois é produzido no México e goza de benefícios fiscais para obter preços mais competitivos. O RAV4, por sua vez, é importado do Japão e nunca havia conseguido se impor por aqui. A Toyota, contudo, não escondeu durante o lançamento da atual geração de seu SUV que pretendia, ao menos, diminuir a diferença e adotou preços próximos ao do arquirrival, reduzindo parte do lucro sobre o valor final do produto. Parece ter dado certo: durante os últimos meses, o modelo vem aumentando sua participação nas vendas e emplacou 937 unidades em outubro último. O número ainda é inferior ao do opositor, mas a diferença entre os dois de fato diminuiu. Diante de um desempenho comercial tão animador, vale a pena saber se, no dia-a-dia, o veículo apresenta comportamento proporcionalmente positivo.
O Autos Segredos avaliou a versão de entrada, equipada com motor 2.0 e tração dianteira, que é responsável pela maior parcela de vendas dentro da linha. O propulsor tem bloco e cabeçote confeccionados em alumínio, quatro cilindros e 16 válvulas com duplo comando variável e aspiração natural. Concepção atual, mas não de última geração. A potência é de 145 cv a 6.200 rpm e o torque, de 19,1 kgfm a 3.600 rpm, sempre com gasolina, pois não há sistema flex. O powertrain é comandado por um câmbio CVT, que simula sete marchas. A suspensão, independente nas quatro rodas, segue o esquema Mherson na dianteira e double wishboune na traseira, enquanto a direção tem assistência elétrica.
Pesado
Como o RAV4 é pesado, com 1.525 kg na balança, já era de se esperar um desempenho pouco empolgante. Mas não é que o modelo agradou em trânsito urbano? Mudanças de faixa e subidas são encaradas com muita agilidade, que até chega a surpreender tendo em vista as características do veículo. Os méritos vão para o torque bem distribuído e, principalmente, para a transmissão CVT, que deixa as respostas sempre ágeis. Sem dúvida, motor e câmbio vivem um casamento feliz. Porém, na estrada, o conjunto mecânico não consegue esconder suas dificuldades para lidar com a massa corporal tão elevada, resultando em performance bastante discreta. Melhor ter cuidado nas ultraagens e paciência para transpor trechos de relevo acidentado, ao menos enquanto a lei da gravidade estiver desfavorável. O motor ajuda a andar em alta rotação, pois gira suave, mesmo perto do limite de corte. Após chegar ao cume da serra e iniciar a decida, os problemas acabam: a estabilidade é boa e permite que o motorista tire um pouco do atraso nas curvas. Só não espere o mesmo equilíbrio de um hatch: como todo carro com altura elevada, o Toyota não é tolerante com abusos. O comportamento é acima da média para um crossover, mas não a ponto de fazê-lo agir como um carro de outra categoria. Ademais, o foco da calibração é o conforto ao rodar, que o modelo também entrega: a absorção das imperfeições do solo é muito boa e os ocupantes ficam longe dos solavancos, mesmo em estradas de terra, onde o bom vão em relação ao solo ajuda a transpor lombadas, embora a ausência de tração integral impeça aventuras radicais. A direção também cumpriu bem o seu papel, oferecendo leveza em manobras e firmeza em alta velocidade.
Made for USA
Dentro do RAV-4, fica bastante evidente que o projeto foi feito para agradar os norte-americanos. Os bancos são bastante largos, os comandos do são grandes e há muitos porta-objetos, inclusive para copos e garrafas. Contudo, a faceta ianque do modelo também traz desvantagens. É que, nos EUA, ele desempenha o papel de crossover de entrada, enquanto aqui está um patamar acima. Isso fica evidente em alguns detalhes, como nos vidros elétricos, que dispõem de função um-toque e tecla iluminada apenas para o motorista. Aliás, iluminação é algo que falta também ao porta-luvas, mas ao menos o bagageiro é equipado com um spot lateral. Quando se tira a chave da ignição, a central corta imediatamente todos os comandos inclusive o aparelho de som, e por falar em chave, a do crossover não é sequer do tipo canivete.
Se não oferece muitos mimos, pelo menos o RAV4 brinda o motorista com um posto de comando muito bem resolvido. A posição de dirigir, elevada como em todo crossover, é correta e relaxada, o quadro de instrumentos proporciona ótima leitura e é completo, com conta-giros, velocímetro e marcados de combustível analógicos e termômetro do motor digitais. Há regulagem de altura para o banco e para a coluna de direção, sendo que a última pode ser ajustada também em altura. A visibilidade é boa para todos os lados, os retrovisores são corretamente dimensionados e os faróis, com facho baixo elipsoidal e alto parabólico, são ótimos, mesmo sem lâmpadas de xênon. O isolamento acústico agrada: o modelo roda silencioso e até os limpadores de para-brisa, que varrem boa área, trabalham com pouco ruído.
Sem aperto
O acabamento interno é correto, mas longe de ser luxuoso. Não há o que se queixar sobre os arremates, que são sempre perfeitos, e tampouco há rebarbas nas peças. A questão é que os plásticos são duros: embora tenham boa aparência e tato, sendo que alguns até imitam fibra de carbono e couro, superfícies emborrachadas cairiam melhor no os nas portas. Na versão avaliada, os bancos, que oferecem ótimo apoio para as pernas e a coluna, são revestidos em tecido, macio e bastante agradável ao toque. Porém, dentro da categoria, o couro é praticamente uma obrigação. Mas o RAV4 se redime quando o assunto é espaço interno, e chega até a impressionar: atrás, o banco é largo e o assoalho é plano, permitindo que três adultos acomodem-se com conforto. Nem mesmo pessoas altas enfrentarão problemas, pois os vãos para as pernas e as cabeças são enormes. O porta-malas, com volume de 476 litros, não chega ser um latifúndio, mas é generoso. Além do mais, o vão de o é bem amplo e o banco traseiro, além de rebatível e bi-partido, tem ainda regulagem do encosto, que aumenta a versatilidade interna.
O RAV4 traz apenas o básico quando o assunto são os itens de conforto. Tem ar-condicionado manual, luzes de neblina na dianteira e na traseira, volante multifuncional revestido em couro, sistema de som com CD player, leitor MP3, entradas USB e auxiliar e conexão Bluetooth, sensores de estacionamento, computador de bordo, e rodas aro 17” em alumínio (inclusive no estepe), além de vidros, retrovisores e dos já citados vidros elétricos. Itens como teto solar, dispositivo de partida sem chave, cruise-control, câmera de ré e ajuste elétrico dos bancos são s às versões mais caras. Lembra-se do primeiro parágrafo, onde foi comentado que, apesar de o RAV-4 ser importado do Japão, seu preço equivale ao de veículos vindos do México? Pois é, ao que parece, a marca tentou minimizar as perdas com impostos ando a faca no conteúdo do crossover.
Só dois airbags
Se nos itens de conforto o modelo traz o básico, nos de segurança ele deixa a desejar dentro de sua categoria. É decepcionante constatar que um carro com preço à beira dos R$ 100 mil tem apenas dois airbags frontais e não conta com controles eletrônicos de tração e estabilidade. O RAV4 só consegue somar alguns pontos nesse sentido porque possui cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes (que deveriam equipar todos os veículos, mas muitas vezes são abolidos no centro do banco traseiro) e ganchos no padrão Isofix para fixação de cadeirinhas (infelizmente, ainda bastante raros no mercado nacional). Os freios a disco nas quatro rodas, com ABS, EBD e BAS, imobilizam o veículo com segurança e o pedal tem boa progressividade, mas não chegam a se destacar.
Consumo
Considerando que o RAV4 tem o elevado peso de 1.525 kg, as médias de consumo foram satisfatórias. Em ciclo urbano, ele cravou 8,6 km/l, mas na estrada, onde teve que andar mais acelerado para entregar melhor desempenho, as marcas foram menos entusiasmantes, em torno de 10 km/l. O crossover foi abastecido sempre com gasolina, até porque esse é o único combustível que ele aceita. Um ponto que merece correção é que o computador de bordo informa os números em litros por 100 km, e não em km por litro, como é padrão no Brasil. Vale destacar que vários fatores influenciam no consumo de combustível, como as características e o relevo das vias, as condições do trânsito e o estilo de condução do motorista, entre outros.
Quase cem mil
O RAV4 é um bom carro? Sem dúvida: é espaçoso, bem construído e tem conjunto mecânico acertado, ainda que o desempenho esteja longe de constituir um ponto forte. Mas isso justifica o preço de R$ 99.900 que a Toyota cobra por ele? Acreditamos que não: além de dispensar itens de conforto presentes em veículos bem mais baratos, como ar-condicionado digital e cruise-control, o que decepciona mesmo é a ausência de itens de segurança, como mais airbags e controles eletrônicos de assistência à direção. Ainda que o valor de tabela, as características técnicas e a cesta de equipamentos estejam próximos do Honda CR-V, seu maior concorrente e detentor de bons números de vendas, a questão é que ambos os veículos parecem bastante inflacionados em vista do que oferecem.
Desempenho(acelerações e retomadas)
6
5
Consumo(cidade e estrada)
7
6
Estabilidade
7
7
Freios
7
8
Posição de dirigir/ergonomia
9
8
Espaço interno
10
9
Porta-malas(espaço, ibilidade e versatilidade)
9
10
Acabamento
7
7
Itens de segurança(de série e opcionais)
6
6
Itens de conveniência(de série e opcionais)
6
6
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção)
8
7
Relação custo/benefício
5
5
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina, 1.987 cm³ de cilindrada, 145 cv de potência máxima a 6.200 rpm, 19,1 de torque máximo a 3.600 rpm
TRANSMISSÃO
Câmbio automático do tipo CVT com sete marchas virtuais, tração dianteira
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS, EBD e BAS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, Mherson, com barra estabilizadora; traseira, independente, double wishbone, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 7 x 17 polegadas, pneus 225/65 R17
Nós usamos cookies. Eles são usados para aprimorar a sua experiência. Ao fechar este banner ou continuar na página, você concorda com o uso de cookies.
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência enquanto navega pelo site. Destes, os cookies que são categorizados como necessários são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados em seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de cancelar esses cookies. Porém, a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect s, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
ment cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.