Recordo-me com clareza dos primeiros quilômetros a bordo do Fusca cedido ao Autos Segredos para avaliação. Logo na saída, parei em um sinal fechado, em frente a um ponto de ônibus, e todas as pessoas ficaram olhando fixamente para ele. Sabia que o modelo era chamativo, mas não imaginava que era tanto. Logo depois, cheguei a uma via com trânsito desimpedido e pisei fundo, na manobra conhecida como kick-down, ansioso para ver como o esportivo reagiria. O câmbio reduziu duas marchas, o manômetro de pressão do turbocompressor instalado no indicou 1,7 bar e eu fiquei com as costas coladas no banco. Logo a luz do controle de tração se acendeu, indicando que a eletrônica estava agindo para impedir que as rodas destracionassem, e em segundos eu já estava bem acima da velocidade permitida, aliviando o pé para voltar à legalidade. É, o teste prometia… 6c1l3w
RÁPIDO E SEM TRANCOS Seria injusto, porém, dar todos os méritos pelo desempenho ao propulsor. Parte do crédito vai para o câmbio automatizado de dupla embreagem, que o fabricante chama de DSG. Afinados, motor e caixa atuam com bastante sintonia. A central eletrônica “compreende” bem o que o motorista quer, e faz trocas em baixa rotação, para poupar combustível, caso o acelerador esteja sendo pouco exigido, ou faz reduções e estende o giro, caso o pé esteja mais pesado. Há ainda a opção comandar o sistema sequencialmente, por meio de borboletas no volante, ou deixar a alavanca em modo Sport. Ali, o comportamento fica realmente arisco, com trocas sempre em regime mais elevado. Durante todo o tempo, fiquei atento para descobrir se a transmissão automatizada é realmente suave. Só senti alguns trancos, mesmo assim sutis, durante uma única situação: em reduções de marcha feitas pelos paddle-shifts, com a alavanca no modo Sport. Ou seja, durante a grande maioria das situações, o sistema atua sem desconforto algum. Além do mais, as trocas são rápidas, como convém a um esportivo, e as relações, corretas A 120 km/h, o motor gira a apenas 2.600 rpm. Bem escalonada, a relação de marchas não deixa buracos, e a 120 km/h, em sexta, o 2.0 TSI gira a baixos 2.600 rpm. Nessa velocidade, o som que se faz notar é o do vento na carroceria, o que evidencia que o design não priorizou a aerodonâmica (o cx é de elevados 0,37).
). Procurei com atenção, mas não notei vãos irregulares ou rebarbas em lugar algum. Tudo é muito bem montado, com capricho nos encaixes. No entanto, é decepcionante notar que todos os componentes são rígidos. ei a mão na parte superior do , esperando encontrar material emborrachado, mas me deparei com plástico comum mesmo. Pelo menos há muitas peças em plástico brilhante (black piano), inclusive nas portas e nas laterais traseiras, além de peças que imitam fibra de carbono. Provavelmente devido a um descuido na tropicalização do modelo, a persiana do teto solar permite a agem de alguns raios solares, que incomodam em dias muito ensolarados. Pode ser agradável em países mais frios, mas não no Brasil. Outra falha surpreendente em um carro do preço do Fusca fica por conta da ausência de iluminação no porta-luvas e nos para-sóis. Vale lembrar que as luzes de cortesia estão presentes em modelos muito mais baratos, inclusive no Fox, da própria Volkswagen…
Por falar em subwoofer, o Fusca tem um dos melhores sistemas de som que já experimentei em um carro. O pacote inclui 8 alto-falantes, rádio/CD player e capacidade para 6 discos, porta USB, entrada auxiliar, conexão com iPod e bluetooth. No carro avaliado, havia ainda o opcional “ sound Fender”, que inclui um aparelho com 10 canais e 400 watts de potência, tudo com a do renomado fabricante de instrumentos musicais. Tudo é controlado por uma tela sensível ao toque, que pode incluir navegador GPS, também opcional. Outros itens vendidos à parte são sistema de partida sem chave , ar-condicionado com duas zonas de temperatura (vinculado a um pacote que inclui ainda volante multifuncional, sensores de chuva e retrovisor interno eletrocrômico), e bancos esportivos, além dos já citados teto solar, faróis em xênon e rodas aro 18”. De série, fora outros equipamentos mencionados ao longo do texto,o esportivo vem com bancos aquecíveis revestidos em couro, volante e pomo do câmbio, assistente para arrancadas em subidas, computador de bordo e controlador de velocidade de cruzeiro.
Pela proposta esportiva, o Fusca se saiu até bem em nossas aferições de consumo. Na cidade, cravou aproximadamente 8,4 km/l, enquanto na estrada os números giraram em torno dos 10,7 km/l. Não custa lembrar que o motor não é flex e, portanto, as médias foram obtidas com gasolina. Destacamos também que uma série de fatores, como, como relevo, estilo de condução do motorista e condições das vias influem no gasto de combustível dos automóveis.
CUSTO/DIVERSÃO Apesar de me lembrar bem do dia em que peguei o Fusca, não consegui lembrar de qualquer episódio marcante no dia da devolução. Tenho que confessar: ele deixou, sim, uma pontinha de saudade. É inegável que o modelo tem algumas falhas, como o acabamento mais simples que o esperado, os airbags que não protegem a turma do fundão e a oferta de alguns equipamentos que deveriam ser de série apenas como opcionais, como o ar-condicionado bi-zona e sistema de partida sem chave. Porém, ainda assim, o esportivo convence. Não que os R$ 84.890 cobrados pela versão DSG sejam exatamente uma pechincha, longe disso… Além do mais, quem quiser a configuração de R$ 80.350, com câmbio manual, provavelmente ficará a ver navios, pois pouquíssimas unidades com esse tipo de transmissão foram trazidas ao Brasil. Contudo, por valor semelhante, não consigo pensar em outro carro zero tão divertido de dirigir quanto o Volkswagen retrô.
AVALIAÇÃO | Nilo | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 10 | 10 |
Consumo (cidade e estrada) | 7 | 8 |
Estabilidade | 9 | 9 |
Freios | 10 | 9 |
Posição de dirigir/ergonomia | 9 | 8 |
Espaço interno | 6 | 7 |
Porta-malas (espaço, ibilidade e versatilidade) | 7 | 7 |
Acabamento | 7 | 7 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 8 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 8 | 7 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 10 | 9 |
Relação custo/benefício | 7 | 8 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com injeção direta, turbocompressor e intercooler, a gasolina, 1.984 cm³ de cilindrada, 200cv de potência máxima a 5.100 rpm, 28,5 mkgf de torque máximo a 1.700 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
7s5
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
223 km/h
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, Mherson, com barra estabilizadora; traseira, independente, multilink, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 18 polegadas, pneus 235/45 R18
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,278; largura, 1,808; altura, 1,486; distância entre-eixos, 2,537
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; porta malas: 310 litros; carga útil (ageiros e bagagem): 486 quilos; peso: 1.364 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos