Cronos HGT tem visual esportivo sem abusar dos adereços ficando elegante. Mas motor o deixa defasado diante dos concorrentes. Lista de itens de equipamentos de série é bem tímida

Cronos HGT é a nova versão topo de linha do sedã compacto da Fiat. Com desenho bem agradável a versão tem adereços esportivos equilibrados que o deixam com visual bem interessante. Gosto é um quesito bem pessoal, mas não há como negar que o Cronos é um dos sedãs mais bonitos do mercado. Mas nem sempre a beleza resolve tudo e o sedã fica devendo um motor mais moderno para fazer frente aos principais concorrentes. A marca também terá que alterar sua lista de itens de série diante as últimas novidades do segmento.

Mas fato é que o Cronos HGT chega como uma opção para o consumidor que busca um pouco mais de esportividade, mas não pode pagar por um verdadeiro carro esporte, e ou, não quer penalizar seu conforto num automóvel ruidoso e de suspensão muito dura (e baixa).

Ela foi projetada para aquele indivíduo que já constituiu família, mas não se considera senhoril demais para dirigir um sedã careta. O Cronos HGT é como tatuagem de henna, te deixa jovem sem a dor lancinante das agulhadas.
E faz sentido, afinal quando se é jovem o que o garotão quer é chamar atenção com seu carro invocado, com escapamento esportivo, rodas grandes e suspensão baixa. Depois que ele fica mais velho, a experiência ensina…

Evoluído
Não há como negar que Argo e Cronos evoluíram muito em relação aos modelos antigos da marca, o que os coloca como os melhores Fiat já vendidos pelo fabricante no mercado brasileiro. No acabamento interno, o Cronos HGT se sobressai sobre seus principais concorrentes – materiais, desenho e encaixes o deixam em vantagem. Mas alguns problemas persistem ano a ano, modelo a modelo. A marca tem um problema crônico dos vidros dianteiros ficarem sempre sujos de graxa.
Não importa se é o novo Uno, Strada ou Palio, as manchas estão sempre presentes. Uma vez questionamos um concessionário sobre o porquê de sempre surgir a graxa ao subir e descer os vidros. A explicação é que ela faz parte da lubrificação das máquinas de vidro. O certo é que a marca deve encontrar outras soluções para tal situação. No Cronos HGT avaliado por nossa reportagem a famigerada graxa se fez presente e foi notada em outros modelos em avaliações recentes.

Acabamento agrada
De resto, as forrações de porta são bem desenhadas e os comandos bem posicionados. O também tem saídas de ar-condicionado bem localizadas. A central multimídia com tela flutuante é um charme à parte. O grafismo HGT dando boas-vindas na tela de TFT do quadro de instrumentos ficou bem interessante.
Saiba mais:
Confira nossa avaliação do Volkswagen Virtus Highline.
Motor
O motor 1.8 E.torQ é velho conhecido da gama Fiat já equipou modelos como Punto, Bravo, Linea, Weekend e Doblò. Quando foi instalado na Toro, a Fiat ajustou sua potência e desde então ou a ser oferecida também em Cronos, Argo e no Jeep Renegade.
O senão deste motor é que seu torque demora a aparecer, geralmente é preciso encher o motor para que se obter toda oferta de força. E isso compromete a eficiência. Em nossos testes ele registrou 6,5 km/l, (na cidade) com etanol. Nesse quesito a Fiat está na contramão do mercado, já que todos os seus concorrentes diretos ofertam motores com conceito downsizing, ou seja, motores menores turbinados.
Transmissão
O Cronos HGT, assim como o Argo esportivado conta com tração dianteira. Por outro lado oferece apenas câmbio automático de seis velocidades, ao contrário do hatch que também foi vendido com caixa manual.

Essa transmissão é a melhor opção da linha Fiat, só perde para a caixa de nove velocidades, que equipa a Toro turbodiesel 4×4. Mas comparada com a caixa GSR e a versão manual de cinco marchas, ela oferece melhor escalonamento e tem programação para manter o motor numa faixa mais eficiente.
Por outro lado, sua proposta vai contra a ideia de um carro esportivo, que demandaria uma relação mais curta nas primeiras marchas e uma sexta alongada. Mas este setup seria proibitivo, pois os planos da italiana é que o HGT corresponda no máximo em 10% do mix do sedã. Ou seja, elevaria muito o preço final, devido a escala reduzida.
Suspensão
O Argo HGT teve sua suspensão recalibrada para deixar o carro mais firme e permitir uma tocada esportiva. Mas no Cronos HGT a Fiat preferiu manter o ajuste original para não afastar o consumidor foco, que é o sujeito que já chegou na meia-vida, que tem família, papagaio e periquito e não quer saber da turma chacoalhando lá dentro.
Assim ele utiliza conjunto independente tipo Mherson, na dianteira, com braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora; e na traseira tipo eixo de torção, com rodas semi-independentes.
Se a suspensão não empolga aos olhos, o HGT pode ser equipado com belas rodas de liga leve aro 17 polegadas (opcional) e pneus com diâmetro 205/45 R17. Essas rodas são a cereja do bolo, junto com o aerofólio, e as peças pintadas em preto (retrovisores, grades, logo, emblemas), assim como o teto (opcional).

Direção
O sedã recorre ao sistema do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica. Trata-se de uma direção com carga progressiva, que garante conforto em baixas velocidades e maior precisão quando o velocímetro está elevado. Mas não espere respostas diretas de um esportivo nato.
Freios
Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com assistência ABS, essa é a prova cabal de que o Cronos HGT é um esportivo puramente cosmético. Sua frenagem é basicamente a mesma das demais versões. No entanto, os pneus mais largos dão maior aderência e reduzem a distância de frenagem. Mas não convém bancar o Ken Block com este sedã.
Ficha técnica Cronos HGT
Motor (*)
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.747 cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 135 cv (com gasolina) e 139 cv (com etanol) a 5.750 rpm e torques máximos de 18,8 kgfm (g) e 19,3 kgfm (e) a 3.750 rpm

Transmissão (*)
Tração dianteira, com câmbio automático de seis velocidades

Suspensão/Rodas/Pneus (*)
Dianteira, independente tipo Mherson, com braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora; e traseira tipo eixo de torção, com rodas semi-independentes/ de liga leve de 6,5 x 17 polegadas (opcional) / 205/45 R17
Direção (*)
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Freios (*)
Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com assistência ABS

Capacidades (*)
Do tanque, 48 litros; porta-malas, 525 litros; e de carga útil (ageiros mais bagagem), 400 quilos
Peso (*)
1.271 quilos
Dimensões (*)
Comprimento, 4,36m; largura, 1,72m; altura, 1,51m; e distância entre-eixos, 2,52m
Desempenho (*)
Velocidade máxima: 195km/h (g)/196km/h (e)
0 a 100km/h: 10,8 s (g)/9,9 s (e)
Consumo (**)
Cidade: 10,3km/l (g)/7,2km/l (e)
Estrada: 13,3km/l (g)/9,6km/l (e)
(*) Dados do fabricante
(**) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol