Picape da Chevrolet combina comportamento de sedã, mas com a funcionalidade de uma caçamba
O conceito de picapes mudou nos últimos anos. Esqueça aqueles veículos grandes, pesados e nada amigáveis. Hoje a picape compete com carros compactos, SUVs e até mesmo com os sedãs desprezados. Ela precisa ser um carro de eio com uma caçamba de bônus. E foi o que a General Motors fez com a Chevrolet Montana.
A feiosa picape leve ou por uma reformulação total e ganhou porte de intermediária e refinamento que eram impensáveis há 15 anos. Assim, resolvemos testar a Montana para sua real vocação: ser um automóvel familiar.
Testamos a Chevrolet Montana RS 2024, versão de apelo esportivo da linha. Comparada com a Premier, ela se difere por alguns penduricalhos, como grade exclusiva, rodas, retrovisores e detalhes em tonalidade preta. Por dentro, costuras vermelhas e acabamento escuro, para dar um ar mais transgressor para a picape.
Em termos mecânicos não há diferença para a Premier. O que muda é apenas o ajuste da velocidade final, que teve o limitador elevado para 180 km/h. Benefício que funciona mais como um placebo, afinal o amigo não poderá atestar em uma via pública, a menos que queira infringir a legislação de trânsito.
Mas vamos à picape. A Chevrolet Montana RS 2024 é um carro prático, que faz jus a todo esforço da equipe de marketing da GM que foi categórica que as limitações de capacidade de carga não seria um problema para quem busca um carro de eio e uma caçamba para uso esporádico.
O motor 1.2 turbo de 133 cv e 24,5 kgfm de torque, combinado com a transmissão automática de seis marchas, entrega o desempenho na medida certa. Na cidade, ela é esperta e não morga no trânsito como a ancestral D20, que ocupava muito espaço e carecia de potência em seu velho motor Perkins.
Na estrada, a Chevrolet Montana RS 2024 tem retomadas rápidas, mas nada truculento, ou que comprometa sua eficiência. Registramos uma média acima de 14,5 km/l na rodovia (com gasolina) e 11 km/l na cidade. Ou seja, ela oferece consumo de carro compacto, mas com espaço de um carro médio/grande.
Mas o ponto forte da Montana é a suspensão. A picape utiliza sistema independente Mherson, no eixo dianteiro. Já na traseira, eixo de torção e molas helicoidais, igual à maioria dos automóveis fabricados no país.
O acerto impressiona, pois a picape absorve bem irregularidades e não transmite para a cabine. Geralmente as picapes comprometem o conforto no eixo traseiro, que utiliza suspensão reforçada para ar a carga na caçamba. Como esse não é o mote da Montana, o conforto foi privilegiado.
Ao mesmo tempo, o conjunto entrega estabilidade exemplar. Na estrada, a suspensão da Chevrolet Montana RS 2024 mantém a carroceria no prumo, mesmo quando se entra em curvas com velocidade acentuada. Tudo isso torna o guiar mais seguro e confiável. Nada de traseira quicando ou querendo ultraar a frente.
Conteúdos
O pacote de conteúdos da Montana RS segue o mesmo padrão da Premier. Computador de bordo, multimídia MyLink (com conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, chip 4G, WiFi e câmera de ré). A picape ainda oferece ar-condicionado digital, carregamento por indução, vidros e retrovisores elétricos, além de sensores dianteiros e traseiros de estacionamento. Completa o conjunto o monitor de ponto cego e quatro airbags.
Capota elétrica
A unidade enviada para testes pela GM estava apinhada de órios. Penduricalhos como estribo, ponteira de escapamento e porca de roda anti-furto. Mas a cereja do bolo é a capota marítima com recolhimento elétrico. Esse ório é caro, mas vale quanto pesa.
Ele transforma a caçamba em um porta-malas praticamente inviolável. Em viagem é garantia de que sua bagagem estará protegida. Ela custa R$ 12.990 a mais, mas para quem vai gastar R$ 153.900, é um extra que pode ser absorvido no financiamento.
Palavra final
A Chevrolet Montana RS 2024 cumpre o que seus executivos prometeram. É um carro de eio para quem precisa esporadicamente de uma picape. Um veículo que oferece comportamento estável e não prega sustos no motorista.
Tudo isso combinado com o bom espaço, pacote de conteúdos satisfatório e uma caçamba a tiracolo. Faltaram apenas recursos de assistência à condução, mas que não chega a ser um pecado capital.
Ficha técnica da Chevrolet Montana RS 2024
FICHA TÉCNICA | Chevrolet Montana RS 2024 |
MOTOR | Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12 válvulas, 75mm de diâmetro e 90,5mm de curso, 1.199cm³ de cilindrada, com turbocompressor, flex (a gasolina e etanol) |
POTÊNCIA | 132cv (gasolina) e 133cv (etanol) a 5.500rpm |
TORQUE | 19,4kgfm (g) e 21,4kgfm (e) a 2.000rpm |
TRANSMISSÃO | Tração dianteira, com câmbio automático de seis marchas |
SUSPENSÃO | Dianteira, independente, tipo Mherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora; e traseira com eixo de torção e molas helicoidais |
RODAS E PNEUS | 7×17 polegadas (alumínio)/215/55 R17 |
DIREÇÃO | Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica |
FREIOS | A discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD |
CAPACIDADES | Do tanque, 44 litros; caçamba, 874 litros; e de carga útil (ageiros e bagagem), 600 quilos |
DIMENSÕES | Comprimento, 4,72m; largura, 1,80m; altura, 1,66m; e distância entre-eixos, 2,80m; altura em relação ao solo, 19,2cm |
PESO | 1.310 quilos |
PERFORMANCE | Velocidade máxima de 160km/h (e) Aceleração até 100km/h em 10,1 segundos (e) |
CONSUMO* | Cidade: 11,1km/l (g)/7,7km/l (e) Estrada: 13,3km/l (g)/9,3kml (e) |
Dados do fabricante / *Dados do Inmetro













