Moto ou por muitos aprimoramentos e ganhou a opção do câmbio automatizado com dupla embreagem. Preços vão de R$ 70.490 a R$ 96.626 Foto | Honda/Divulgação - Na linha 2021, a Africa Twin está ainda mais apta às peripécias off-road. E agora com câmbio convencional ou automatizado de dupla embreagem Por Roberto Dutra A Africa Twin tem sido uma das mais cobiçadas big trails disponíveis no mercado brasileiro. Briga lá no alto da pirâmide com motos interessantes e sofisticadas, como BMW R 1.250 GS e Triumph Tiger Explorer 1.200, além da já descontinuada por aqui Yamaha Super Tenéré 1.200 - que mantém uma legião de fãs. E há tempos o modelo da Honda precisava se diferenciar com algo que as rivais não tivessem. Esse é o grande barato na linha Africa Twin 2021: o câmbio automatizado com dupla embreagem Dual Clutch Transmission (DCT) - taí algo que, no segmento, só ela tem. O sistema não é exatamente desconhecido: já o vimos por aqui com mais alarde do que sucesso nas VFR 1.200F e Crosstourer e, mais recentemente, na touring GL 1.800 Gold Wing e no scooter X-ADV 750 - neste último, aliás, como única opção de transmissão. Pode parecer estranho uma big trail com esse tipo de câmbio, mas quando você o experimenta no mundo real, as coisas ficam mais compreensíveis. Foto | Honda/Divulgação - A moto será vendida em duas configurações, ambas com as duas opções de câmbio Mas vamos por partes. Na linha 2021, há outras novidades. Para começar, o nome da moto mudou. Antes era CRF 1.000L Africa Twin e agora é CRF 1.100L Africa Twin. É que o motor cresceu - ou de 998cm³ para 1.100cm³. No visual, a moto está mais esguia e compacta, pois ganhou carenagens redesenhadas. Tem, ainda, faróis com LEDs de design discretamente agressivo e luzes de rodagem diurna (DRL). Mais atrás, o guidom ficou 2,2 cm mais alto e o banco, 4 cm mais estreito - e também mais baixo (agora tem altura regulável entre 85 cm e 87 cm). O chassi mudou discretamente e, por isso, o motor foi levemente deslocado para a frente. Por fim, o subchassi traseiro ou a ser de alumínio, mesmo material da nova balança traseira. Foto | Honda/Divulgação - O novo é uma tela de TFT colorida, com 6,5 polegadas e com opções de conectividade Essas novidades, juntas, reduziram o peso da moto em 2,3 quilos. Mas, no geral, a Africa Twin fez uma dieta mais intensa: ou a pesar de 206 a 215 quilos na versão standard (quase 10 quilos a menos) e de 216 a 225 quilos na inédita versão DCT. Mais eletrônica A quantidade de chips a bordo também aumentou. A moto agora tem acelerador eletrônico, seis modos de pilotagem, controle de tração com sete níveis, controle de empinada com três níveis, ABS com atuação em curvas e piloto automático. O ABS da roda traseira pode ser desligado e há uma função que liga o pisca-alerta automaticamente nas frenagens fortes acima de 50km/h. E surgem as versões ES, sigla para "electronic suspension" - como diz o nome, as suspensões fornecidas pela grife japonesa Showa am a ter ajustes eletrônicos. O curso, contudo, é o mesmo das versões sem esse recurso: 23cm na frente e 22cm atrás. Já o vão livre é de apenas satisfatórios 25cm. Foto | Honda/Divulgação - As duas versões da CRF 1.100L Africa Twin: a mais simples custa R$ 70.490 As ES também têm para-brisa mais alto com cinco ajustes manuais de altura (o da versão de entrada é baixo e fixo), carenagens maiores, protetor de motor mais largo, e traseiro de alumínio para baú, manoplas aquecidas e sistema de iluminação para as curvas com três LEDs posicionados abaixo de cada um dos dois faróis. Achou pouco? Estas versões também têm pneus sem câmara - mas em todas as rodas são raiadas, com aros de alumínio e pneus 90/90 R21 na frente e 150/70 R18 atrás. O tanque varia de acordo com a versão: pega 18,8 litros nas standard e 24,8 litros nas Adventure Sports. Foto | Honda/Divulgação - A versão Adventure Sports ES é mais recheada de equipamentos e também tem tanque maior O na linha 2021 é uma tela de TFT sensível ao toque, colorido, com 6,5 polegadas, conectividade com Apple CarPlay® e Android Auto® e pareamento com smartphone por Bluetooth. À direita dele há uma portinha USB, para conectar e recarregar smartphones e outros gadgets. Motor fuçado O aumento na capacidade cúbica do motor veio basicamente com o aumento no curso dos pistões, de 75,1mm para 85,1mm. O diâmetro de 92 mm é o mesmo de antes, assim como a taxa de compressão de 10,0:1. Mas as camisas dos cilindros agora são em alumínio e algumas fuçadas no câmbio convencional resultaram em um motor 2,5 quilos mais leve. Assim, o motor da Africa Twin agora pesa 66,4 quilos nas versões convencionais e 74,9 quilos nas versões DCT. Foto | Honda/Divulgação - O motor sofreu muitas alterações. A capacidade cúbica, a potência e o torque aumentaram e o peso foi reduzido E há mais: os corpos das borboletas de alimentação foram redesenhados, e cabeçote e comando de válvulas são completamente novos. As válvulas ganharam mais curso - nas de aspiração, de 8,6 mm para 9,3 mm, e nas de exaustão, de 9,3 mm para 10,2 mm. Com isso, o escape foi mexido e ganhou uma válvula de controle variável semelhante à usada na esportiva CBR 1.000 RR Fireblade. Segundo a Honda, com ela o motor fica mais eficiente em regimes baixos e médios, e a abertura total acontece apenas nas rotações bem mais altas. Para completar, emite um som mais agradável, segundo a fabricante. Com tudo isso, a potência subiu de 88,9cv para 99,3cv nas mesmas 7.500rpm de antes e o torque cresceu de 9,5kgfm para 10,5 kgfm - também nas 6.000rpm anteriores. Nas contas da Honda, são 12% a mais de potência e 10% a mais de torque. A marca não fornece dados de consumo, mas avaliações feitas pelo Instituto Mauá de Tecnologia apontaram 20,3km/l em uso misto e velocidade máxima de 197km/h - com a versão standard. Foto | Honda/Divulgação -. O desenho dos faróis ficou mais agressivo e as carenagens, também repaginadas, deram à moto um aspecto mais compacto Um câmbio bem exótico As versões com câmbio convencional têm seis marchas. As com câmbio DCT, idem, mas quem faz as trocas são os duendes eletrônicos que habitam o motor. É um sistema ainda desconhecido da maioria dos motociclistas, mas que merece atenção por ser fácil e prático de usar. O sistema DCT tem duas embreagens - uma para as marchas ímpares e outra para as marchas pares. Cada uma dessas embreagens é acionada por um sistema eletro-hidráulico independente, e nas trocas das marchas ocorre a alternância entre as embreagens, o que permite a mudança instantânea de uma marcha para outra, sem "delay". VEJA TAMBÉM: CONFIRA NOSSA AVALIAÇÃO DA HARLEY DAVISON LOW RIDER SVEJA TESTE DAS ROYAL ENFIELD INTERCEPTOR E CONTINENTAL GT Meses atrás, bem antes do lançamento oficial, tive a oportunidade de experimentar a Africa Twin com DCT na pista de testes da Honda, em Indaiatuba. E, inclusive, comparando com a versão de câmbio normal. A princípio, não há mistério: ligue a moto, engate o modo Drive por um botão no punho direito e vá acelerando devagar. A moto fará o resto enquanto você se habitua à ausência do manete de embreagem e do pedal de câmbio. Com o tempo e o hábito, você aprende a usar o sistema de forma mais dinâmica, até para aproveitar melhor os modos de pilotagem. É possível, por exemplo, trocar as marchas manualmente, por botões + e - no punho esquerdo, mesmo com a moto no modo Drive automático. De uma forma ou de outra, as trocas são rápidas - mas não imperceptíveis. Além dos modos automático e manual simples, há um modo "Sport" automático com ajuste de três níveis, e cada um trocará as marchas em rotações mais elevadas. Foto | Honda/Divulgação - Embora também tenha LEDs, a lanterna é até conservadora em seu formato. Há luz de frenagem de emergência Rolam uns tranquinhos de praxe, mas nada que incomode e que, com o tempo, você não ignore. Vale destacar que o DCT é seguro e confiável, até porque não erra a marcha e também não deixa o piloto errar: só aceitará comandos que não ofereçam risco para o conjunto motor/transmissão. Além disso, proporciona algo valioso - não deixa o motor "apagar". Pude ver isso no mundo real ao tentar subir uma sequência de degraus na pista de off-road da Honda. Na Africa Twin com câmbio convencional, tive que dosar embreagem e aceleração para a moto não "morrer" no meio e, principalmente, no final do obstáculo. Vacilei, e ela morreu. Com o DCT, pude subir quase em câmera lenta sem ter que me preocupar. Sim, foi muito mais fácil! Os seis modos de pilotagem são um capítulo à parte e o comprador da moto deverá fazer um cursinho intensivo para aprender sobre eles e obter a melhor performance de cada um. Mas, resumidamente, é assim: o Urban é para uma condução mais tranquila e urbana; o Tour deve ser usado em viagens com carga e ageiro; o Gravel, nos trechos em piso de baixa aderência; e o Off-Road, para obter a máxima eficiência no fora-de-estrada. Os novos modos 1 e 2 são para pilotos mais experientes, pois permitem escolher as configurações da potência do motor e também da interferência do freio-motor e do ABS - e cada um tem suas opções de ajustes. Calma, não acabou: há, ainda, uma tecla "G", que pode desligar ou não a tração máxima da roda traseira - aí, dependerá do modo de pilotagem escolhido. As versões e os preços A Africa Twin será vendida nas configurações standard e Adventure Sports ES, ambas com câmbio convencional ou automatizado. Sendo assim, serão quatro versões. A pré-venda começou essa semana (dia 17). As versões com câmbio manual serão montadas em Manaus e começam a ser entregues em julho. As equipadas com câmbio DCT virão importadas do Japão, com entregas previstas para agosto. Confira os preços abaixo: Honda CRF 1100L Africa Twin (preta fosca ou vermelha): R$ 70.490Honda CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports ES (branca): R$ 90.490Honda CRF 1100L Africa Twin DCT (vermelha): R$ 76.804Honda CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports ES DCT (branca): R$ 96.626 Foto | Honda/Divulgação - As duas versões da CRF 1.100L Africa Twin: a mais simples custa R$ 70.490 Foto | Honda/Divulgação - Embora também tenha LEDs, a lanterna é até conservadora em seu formato. Há luz de frenagem de emergênciaFoto | Honda/Divulgação - O motor sofreu muitas alterações. A capacidade cúbica, a potência e o torque aumentaram e o peso foi reduzidoFoto | Honda/Divulgação - O novo é uma tela de TFT colorida, com 6,5 polegadas e com opções de conectividade Foto | Honda/Divulgação - A versão Adventure Sports ES é mais recheada de equipamentos e também tem tanque maiorFoto | Honda/Divulgação - Na linha 2021, a Africa Twin está ainda mais apta às peripécias off-road. E agora com câmbio convencional ou automatizado de dupla embreagemFoto | Honda/Divulgação - A moto será vendida em duas configurações, ambas com as duas opções de câmbioFoto | Honda/Divulgação -. O desenho dos faróis ficou mais agressivo e as carenagens, também repaginadas, deram à moto um aspecto mais compacto