Sedã médio da Nissan volta ao mercado brasileiro com proposta menos tradicional no segmento. Será que consegue incomodar a supremacia da Toyota?
Por Fernando Miragaya
O Nissan Sentra voltou a ser importado para o Brasil em sua oitava geração e com a missão de mirar nos órfãos do Civic. Para isso,aposta em uma dose de ousadia que só o Honda namorava neste segmento. O carro trazido do México melhorou no desempenho e no conforto, e tenta vender a imagem de carro descolado.
Mas será o suficiente para roubar algumas vendas do eterno líder Corolla? Autos Segredos vai mostrar que o novo Sentra é melhor que o sedã da Toyota para ser capaz de abalar – pelo menos um pouco – o seu reinado. Atenção, pois só consideramos aqui as versões a combustão do Corolla.
Desempenho
Nos números, o Corolla é bem mais potente que o Sentra. O exemplar da Toyota tem motor 2.0 de 177/169 cv flex com injeção direta. Na tocada, contudo, o líder do segmento de médios prioriza o conforto, o que fica evidente pelo câmbio CVT com 10 marchas simuladas. Talvez, o melhor acerto de transmissão continuamente variável do mercado.
O Corolla acaba por entregar uma força bacana só quando exigido. Você pisa e o motor responde bem, porém, sem trancos mais fortes ou subidas abruptas de giro. No mais, é o pacato cidadão de sempre que fez do Toyota um dos carros mais queridos e incontestáveis do planeta.
No caso do novo Sentra, o velho motor MR20DD recebeu melhorias e injeção direta de combustível, mas só bebe gasolina. São 151 cv e 20 kgfm que melhoraram bastante a esperteza do modelo nas saídas de semáforo e também na estrada. Não que tenha virado um esportivo, porém, eriça discretamente mais as suas sobrancelhas que o Corolla.
Palmas para, enfim, a adoção de marchas simuladas no câmbio CVT do Sentra – a Nissan parecia irrefutável em colocar mudanças sequenciais em suas transmissões. A recalibrada caixa oferece mais interação com o carro e, consequentemente, um desempenho mais divertido.
Dinâmica
A Nissan diz que fez um trabalho exaustivo de engenharia para melhorar a construção do Sentra. O carro realmente ficou mais no chão, especialmente em curvas. Não tem tanto aquele comportamento banheirão da antiga geração, ajudado pela adoção de uma suspensão traseira independente multibraço, mais refinada que o anterior eixo de torção.
A carroceria do Sentra oscila bem pouco e o carro não faz menção de sair de frente em curvas mais ousadas na estrada. A direção com assistência elétrica também é precisa e a ainda mais segurança para o motorista.
O Corolla também exibe uma estabilidade exemplar, porém o comportamento dinâmico é mais anestesiado. O sedã da Toyota repete a construção sólida, mas a carroceria merecia um acerto mais firme, assim como a direção.
Consumo
Pelos padrões de aferição de consumo do Inmetro para o PBEV 2023, o Corolla é pouca coisa mais econômico que o Sentra. Aqui, comparamos apenas as médias com gasolina, uma vez que o Nissan não tem motor flex.
Nissan Sentra
- Consumo cidade: 11,0 km/l
- Consumo estrada: 13,9 km/l
Toyota Corolla
- Consumo cidade: 11,9 km/l
- Consumo estrada: 14,2 km/l
Conforto
O Sentra chegou com uma proposta de conforto mais apurada. Todos os bancos do sedã agora têm a tecnologia zero gravity, que acomodam bem qualquer tipo de corpo. O espaço para motorista é bastante amplo, e o banco de trás recebe bem três adultos.
O porta-malas é que diminuiu de 503 litros da geração anterior, para 466 litros – pelo menos, tem bom vão para colocação das bagagens. Em contrapartida, o acerto do câmbio CVT e o tratamento acústico melhoraram bastante o silêncio a bordo do Nissan.
Outro ganho se deu na suspensão traseira. Como dito, o jogo multibraço independente conferiu mais conforto, especialmente aos ageiros de trás.
Apesar de várias virtudes, no conjunto da obra o Corolla ainda é superior nesse quesito. Os assentos são confortáveis, a posição de dirigir é eficiente e o isolamento acústico é melhor. A suspensão do Toyota – também multibraço – filtra bem as imperfeições e o porta-malas é praticamente do mesmo tamanho do rival.
Equipamentos
O Sentra mais barato chegou na versão Advance por R$ 148.490. Esta configiração é um pouco mais cara que o Corolla GLi 2.0, que sai por R$ 146.890. O Nissan leva a vantagem em alguns equipamentos de conforto.
O sedã mexicano, por exemplo, oferece desde esta opção ar-condicionado automático dual zone, enquanto o do Corolla é convencional. O Nissan também tem a mais que o concorrente do Toyota banco do motorista com regulagem elétrica e aquecimento, revestimento de couro, troca de marchas em aletas no volante e chave presencial.
Na parte de segurança, a coisa muda de figura e o Corolla tem itens mais interessantes. Os dois carros saem de fábrica com dispositivos de auxílio ao motorista, como frenagem autônoma de emergência e câmera de ré. Porém, só o sedã brasileiro tem controle de cruzeiro adaptativo (ACC), assistente ativo de permanência em faixa e sensor de farol alto.
O Sentra acena com detector de fadiga e monitoramento dos pneus como únicos itens de segurança ausentes no concorrente. Já o Corolla tem sete airbags, um a mais (joelho de motorista) que o rival.
O veículo da Nissan ganha aqueles equipamentos semi-autônomos legais na versão topo de linha Exclusive, que recebe o ACC e o farol alto automático, além do alerta de ponto cego. Esta custa R$ 171.590 e bate de frente com o Corolla Altis 2.0, que é mais caro e tem preço de R$ 175.590.
Neste comparativo de equipamentos, o Sentra Exclusive é superior. Com exceção do assistente ativo de mudança de faixa (ele só recebe o alerta), o sedã médio da Nissan oferece câmera 360 e alerta de tráfego cruzado, inexistentes no Toyota Corolla Altis.
Tem mais: partida remota do motor, sistema de som da Bose e teto solar são itens de série no Sentra Exclusive não encontrados no adversário. O Corolla, inclusive, nesta versão também fica devendo a regulagem elétrica dos bancos, o sensor de ponto cego e o monitoramento de pneus que equipam o Nissan.















